Querido Missionário,(a)
Espero que você esteja bem. Acredito
que o conteúdo desta carta seja algo que você precisa ler. Para ser honesto,
estou escrevendo para mim mesmo também .De qualquer forma, estou saindo do
assunto, que é você. Você, que tem lutado por algo maior do que você mesmo.
Você, que é novo no campo de missões, ou você, que nos inspira há algum tempo,
escrevo para você
Em primeiro lugar, obrigado. Obrigado
por dizer sim. Obrigado por ir a lugares assustadores. Obrigado por ir aonde muitos
não quiseram ir. Obrigado por chegar lá trazendo luz. Obrigado por cuidar
daqueles de quem ninguém cuidava, e por amar aqueles a quem ninguém amava.
Obrigado.
A outra coisa que quero dizer é que
eu lamento. Lamento que, para fazer o que faz, você tenha tido que deixar seus
entes queridos. Lamento que você tenha que dizer adeus a praticamente todo
mundo que já conheceu e com quem se importou. Lamento que você tenha que olhar
nos olhos cheios de lágrimas daqueles que, certamente, o amam tanto quanto você
os ama… Lamento que, quando eles perguntam “quando você volta para casa”, você
nem tenha mais certeza de onde seja a “casa”. Lamento que toda foto no seu feed
do Instagram, todo post no Facebook sobre o lugar de onde veio, toda memória
compartilhada por seus amigos o lembre que você está aqui e eles lá. Lamento
que seja difícil se relacionar com alguns de seus amigos mais antigos porque
vocês vivem vidas muito diferentes há algum tempo. Sinto muito que os outros
não vejam o sacrifício e pensem que você é uma pessoa que está fugindo de
alguma coisa ou alguém que gosta de viajar o mundo. Lamento que nem todos
apreciem este sacrifício pelo que de fato é. Lamento que sua vida seja mais
cheia de “olás”, de “eu te amos” e de “tchaus” do que qualquer um que eu possa
pensar agora. E que o último “eu te amo” corte como uma adaga, todas as vezes.
Lamento que o seu coração sempre se sinta como se estivesse em recuperação… Que
alguns dias pense que é você quem precisa de um missionário… Que às vezes, se
sinta tão frágil por causa da dor que já suportou, que se estiver assistindo a
qualquer filme com a mais remota emoção, esteja a ponto de por tudo a perder.
Dito isto, tenho mais algumas
palavras. Se você é como eu, você não escolheu esta vida sozinho. Você não
acordou um dia dizendo “Ei, eu quero deixar de ter um relacionamento com as
pessoas de quem sou mais próximo, prefiro dormir no chão frio, comer alimentos
estranhos e passar perigo constante, só por diversão.” Não. Se você é um
pouquinho parecido comigo, você foi chamado. O Deus de Amor chamou você. Ele o
encarregou de um propósito diferente. Ele confiou a você dias de tristeza e
saudade. Ele incumbiu você de sonhar acordado com dias de praia, churrasco,
sombra e água de côco. Ele concedeu lágrimas de solidão a você. Ele permitiu
que você fosse um desconhecido de novo, e de novo e de novo. Ele confia em você
para viver esta vida. Ele lhe deu uma paixão que permite que você olhe para
essa bagunça que chama de coração e, mesmo assim, avance em alegria. Uma
paixão, que paixão!, que queima em você como chama em boa madeira. Queima mais
do que o próprio inferno e nunca deve ser domesticada ou apaziguada. A paixão é
atrapalhada, indomada, selvagem, forte, verdadeira, autêntica e sempre
presente. Ela garante que o sofrimento vai valer a pena… Que você abraçou isto
porque Deus te escolheu pra isso e então, sabe que há uma razão para tal. Você
tem a força para alterar a cultura, mudar as pessoas, fazer algo que valha
alguma coisa. Sua paixão é sua âncora e seu lembrete.
Alejandro Rodriguez disse assim: “A paixão transforma sofrimento em privilégio.” Ele usa Jesus como nosso melhor exemplo. Jesus passou pelo sofrimento
que O causamos por causa de Sua paixão por nós. Sua paixão era ver restaurada a
relação do homem com o Pai, Sua paixão era a reconciliação. Jesus viu Seu
sofrimento posto diante dEle como um privilégio a suportar, e Ele salvou o
mundo. De forma semelhante, a sua paixão pelas pessoas transforma toda
ingratidão, dor, tensão relacional, solidão e falta de conforto em privilégio.
Considere-os assim, pois se não fizer isso, não vai resistir. Você vai
fracassar como tantos. Mas não vai! Isso não é por você. Você foi chamado, foi
nomeado, é querido, e Deus confia em você. Ele acredita que você irá manter sua
paixão e suas convicções. Que irá lutar muito aqui, até que Ele mande lutar
muito em outro lugar. Você é forte, é importante, está transformando o mundo.
Você é alguém que abre mão de seus direitos todos os dias, só para ver a
mudança neste mundo. Você é um missionário (a) — não é melhor do que qualquer
outro ser humano — mas um missionário (a) que atendeu ao chamado e Ide do
senhor.
.
Viver sustentado não significa viver em cativeiro. Jesus ama você e deseja
presenteá-lo.
Espalhe o amor!
Rev. Djalma Bezerra.